Guarde seus amigos

 Elis Regina, lembra? "Eu quero uma casa no campo, onde eu possa guardar meus amigos, meus livros, meus discos e nada mais." Entre tantas coisas boas da vida, "guardar os amigos" é provavelmente a mais importante. O médico e pesquisador francês Henri Wallon já disse que somos geneticamente sociais. Portanto, nada de ficar se escondendo em casa, sem contato com os parentes, os colegas, os vizinhos. 
A falta de tempo, durante o ano, acaba por nos afastar uns dos outros — o que é uma pena. Não há nada melhor que desfrutar o prazer de bater papo, jogar conversa fora, trocar ideias, tocar e sentir as pessoas de quem gostamos. Na maior parte das vezes, os colegas de trabalho acabam por usufruir sua companhia muito mais tempo do que seu pai, mãe e amigos.

Ponha em dia esse contato. Beijar, abraçar, pegar na mão, mexer no cabelo, preparar com carinho um almoço ou jantar, acordar o marido (ou a mulher) bem devagarinho, oferecer-lhe o café da manhã na cama, comprar um presente, tomar juntos um vinho, uma cerveja, um sorvete. Acompanhar bem de perto o crescimento dos filhos, brincar e correr pelo parque, ler um livro em voz alta para eles. Rolar na grama, fazer croquete de gente na areia da praia.

Bom, não? Demonstre seu afeto. Nunca mais deixe aquele nó na garganta porque esqueceu de dizer alguma coisa para alguém. Trabalhar as emoções e manifestá-las exige aprendizado. Nem sempre é fácil, é verdade. E não há fórmulas, nem métodos eficientes, apesar dos muitos livros já escritos sobre o assunto.

Nada substitui o contato físico, o aperto de mão, o ombro amigo, o cafuné. Aprendendo a gostar de nós mesmos, aprendemos a demonstrar afeto pelos outros, a não ter vergonha de chorar ou dar aquela gargalhada gostosa só de reencontrar alguém querido.

Um presente de Gui, meu doce amigo.